Enxaqueca ou uma simples dor de cabeça?

Entende a diferença.

A enxaqueca é uma dor de cabeça, mas nem sempre a dor de cabeça é uma enxaqueca. No caso desta última, pode ser hereditária e não é apenas um problema de adultos. Pode aparecer ainda na adolescência. Estima-se que em Portugal cerca de um milhão e meio de pessoas sofram de enxaqueca.

No entanto, é importante perceber o que difere a enxaqueca de um tipo de dor de cabeça mais leve.

Na enxaqueca a dor é sentida apenas num lado da cabeça, é uma dor pulsátil (o coração parece bater dentro da cabeça) e com intensidade que vai de moderada a severa, agravando-se com a atividade física, com a luz e com o ruído. Nos casos mais graves, pode associar-se a náuseas e vómitos.

Na dor de cabeça normal, trata-se de uma dor mais leve, com pressão ou aperto dos dois lados da cabeça. Não se agrava com a atividade, havendo uma intolerância ao ruído.

Para saber mais sobre a origem destes problemas, o Womanlife falou com Filipe Palavra, médico Neurologista, que explicou que pode haver várias causas para os vários tipos de cefaleia. “Entenda-se o conceito de cefaleia como correspondendo genericamente ao sintoma dor de cabeça”.

ENXAQUECA

“Na maior parte das mulheres, a ocorrência de crises de enxaqueca é sensível a variações hormonais que podem ocorrer ao longo de toda a sua vida reprodutiva. Por isso, para uma grande parte dos casos, a diminuição da quantidade de hormonas na corrente sanguínea que acompanha a menopausa é um fator importante para a redução da frequência e também da intensidade de crises de enxaqueca. Todavia, existem também mulheres que referem agravamento das suas queixas aquando da entrada na
menopausa”, explica Filipe Palavra.

Muito se fala sobre a influencia da alimentação nas crises de enxaqueca, mas será mesmo uma causa? “Algumas pessoas referem uma maior incidência de crises quando ingerem determinados alimentos (de que são exemplos o queijo, o chocolate, o vinho e o café, entre outros…). Mas daí a dizer-se que estes alimentos genericamente pioram a enxaqueca vai uma enorme distância”.

E a medicação para as enxaquecas, será mesmo para a vida toda? “Não é verdade que a medicação preventiva das crises de enxaqueca se deva tomar durante toda a vida. Efetivamente, as recomendações internacionais sugerem que se possa tentar a retirada desta medicação após 6 meses de tratamento,” refere o especialista.

O neurologista vem também desmistificar o tema de que a enxaqueca é um problema de adultos. “A ideia de que a enxaqueca só acomete adultos, não é verdadeira, pois a enxaqueca existe também em idade pediátrica, podendo mesmo surgir em fases muito precoces da vida sob a forma de equivalentes migrainosos de manifestação na infância.”

OUTRAS DORES DE CABEÇA

“É um mito considerar que a intensidade da dor é proporcional à gravidade da doença. Aliás, a maneira como cada pessoa reage à própria dor é muito diversa, pelo que se torna difícil fazer qualquer tipo de consideração sobre a intensidade que cada indivíduo atribui à sua dor,” começa por explicar o especialista.

Outra questão que não pode ser ignorada é a dor de cabeça por jejum. “A classificação internacional de cefaleias contém uma entidade clínica designada por ‘cefaleia atribuída ao jejum’, a qual, como facilmente se entende, é uma dor de cabeça que resulta de um jejum prolongado (de 8 ou mais horas).”

Mas também há dores de cabeça ligadas à visão. “Não é fácil, na prática clínica, estabelecer uma relação causal tão clara, mas é verdade que a falta de visão por erro refrativo do olho pode causar queixas de dor de cabeça”, refere o neurologista.