Fibromiomas uterinos. Sabes o que são?

São tumores benignos que afetam entre 20% a 40% das mulheres em idade fértil. E podem causar sintomas como períodos menstruais prolongados, dor na região pélvica/lombar, dor durante as relações sexuais, entre outros. O Professor e radiologista de intervenção, Tiago Bilhim, explicou tudo ao Womanlife.

Os fibromiomas, leiomiomas ou miomas são tumores benignos que nascem nas paredes do útero. A sua dimensão pode ir de alguns milímetros a mais de 20 cm. Entre 20 a 40% das mulheres em idade fértil são portadoras de fibromiomas, sendo a sua frequência de cerca de 70% na raça africana.

Os sintomas mais frequentes são: períodos menstruais prolongados, por vezes até com hemorragias que podem conduzir à anemia; dor na região pélvica e / ou na região lombar; dor durante as relações sexuais; sensação de peso e aumento de volume do abdómen; obstipação; frequente necessidade ou dificuldade em urinar; dificuldade em engravidar; abortos espontâneos, ou também podem ser assintomáticos.

Os medicamentos são muitas vezes o primeiro passo no tratamento dos fibromiomas. Estes medicamentos incluem a pílula, e anti-inflamatórios. Num segundo passo, podem tentar-se medicamentos à base de hormonas, cujo efeito é temporário. Estes são administrados diariamente por períodos de 3 meses. Observa-se inicialmente uma redução dos sintomas e das dimensões dos miomas, porém, passado algum tempo, verifica-se a sua regressão. Nalgumas pacientes, a maioria dos medicamentos hormonais podem provocar mal-estar e sintomas da menopausa. Apesar da redução de dimensões, os miomas não desaparecem pelo que a infertilidade continua

Outras Alternativas Terapêuticas são:

  1. Histerectomia – consiste na remoção cirúrgica do útero. Esta técnica é cada menos aceite principalmente pelas mulheres mais novas, ou que ainda não tiveram filhos. A histerectomia pode ter implicação de ordem psicológica, pois pode não ser indiferente para algumas mulheres retirar ou não o útero. Contudo, é curioso notar como mulheres relativamente novas, dos 30 a 40 anos, e por vezes sem filhos, aceitam sem qualquer hesitação a histerectomia embora, mais tarde muitas se arrependam.
  2. Miomectomia – consiste na remoção cirúrgica de cada um dos fibromiomas. Não deve ser efetuada se os fibromiomas forem numerosos ou de grandes dimensões, devido aos maus resultados.
  3. Embolização – A embolização das artérias uterinas é um novo tratamento que se realiza no hospital de Saint Louis desde Junho de 2004, tendo já sido tratadas 1700 pacientes.

A embolização é uma técnica minimamente invasiva, com menos riscos que as técnicas cirúrgicas, cujo objetivo é interromper a circulação sanguínea que irriga os fibromiomas, resolvendo o problema de forma rápida e duradoura e preservando o útero. Sem irrigação sanguínea, o fibromioma atrofia-se e os sintomas desaparecem.

Sob anestesia local, e sem perda de sangue efetua-se um pequeno orifício de 1.5 mm de diâmetro na virilha, através do qual se coloca um fino tubo plástico, chamado cateter, e mediante monitorização, pelo aparelho de raios X, digital e sofisticado, é dirigido para as artérias uterinas.

Partículas de plástico finas, como grãos de areia, são então injetadas nas  artérias uterinas. Como os fibromiomas têm muito sangue, comportam-se como uma esponja, absorvendo as partículas que vão entupir os ramos das artérias que os irrigam, poupando, contudo, a própria artéria uterina, para que a paciente possa engravidar mais tarde; A possibilidade de gravidez não pode contudo, ser garantida.

A interrupção da circulação sanguínea do fibromioma causa a sua atrofia, ou seja a redução de tamanho. O internamento dura apenas algumas horas e a quase totalidade das pacientes vai para casa no mesmo dia. No dia seguinte algumas pacientes iniciam mesmo a sua atividade profissional

Estudos mostram que cerca de 90% das mulheres, nas quais foi efetuada a embolização, teve melhoria significativa ou total da hemorragia, dor e outros sintomas e redução de dimensão dos miomas ou mesmo o seu desaparecimento. A técnica é igualmente eficiente para fibromiomas múltiplos.

Texto da autoria de Professor Tiago Bilhim, radiologista de intervenção, Hospital Saint Louis